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Aline M.S. De Coster

Resumo: Quinta Conferência de Fundamentos da Psicologia Analítica


" O significado de uma neurose é impulsionar o indivíduo para a personalidade total, o que inclui o reconhecimento e responsabilidade pela totalidade do ser, pelos bons e maus aspectos, pelas funções inferiores." (pág.149) Transferência “O termo é a tradução do alemão ubertragung, o que significa literalmente: carregar alguma coisa de um lugar para outro. Também significa, metaforicamente, carregar de uma forma para outra." (pág.127) Jung explica compreender a transferência como forma própria de desenvolvimento generalizado da projeção (“os conteúdos psíquicos são transportados para o objeto (pág.128)”: ocorrem entre dois indivíduos, tem natureza emocional e compulsória, não intencional, involuntária e não consciente, fenômeno psíquico automático e espontâneo. “A projeção É sempre um mecanismo inconsciente, e por isso a consciência ou a realização consciente a destroem." (pág.129) As emoções tem caráter particular e incitam processos semelhantes nos indivíduos: caráter de sugestão. O simples fato do cliente ter emoções ja exerce um efeito sobre o analista. Para não ser possuído por tais emoções é essencial que o analista tenha consciência do que o afeta, aceitando o que é apresentando pelo paciente e servindo-lhe de espelho. É um fazer junto em que cliente e analista estabelecem contato, leiam as reações faciais e percebam que são ouvidos. Contratransferência As emoções são sempre ligeiramente contagiosas. Jung explica-a como projeção mútua em que cliente e analista estão amarrados na mesma inconsciência, ou seja, acentuando-se quando os elementos inconscientes se identificam. Onde não há discriminação há participação sujeito - objeto. A intensidade é proporcional a importância dos conteúdos projetados ou não discriminados. "[...] o analista pode ter certeza de que, quando alguma coisa o afeto, também será naquele mesmo. Onde se encontra a sua fraqueza: trata-se do plano em que o terapeuta está inconsciente, onde é possível que venha que fazer as mesmas projeções que o paciente. Aí se desencadeia a condição de participação, ou falando de maneira mais exato, uma condição da contaminação pessoal através da inconsciência mútua." (pág.131-132) Potencialmente todo conteúdo ativado no inconsciente pode aparecer na projeção tal como com os arquétipos ativados. “As emoções não são manejáveis como as ideias, sendo portanto profundamente enraizadas na matéria pesada do corpo. [...] A projeção de conteúdos emocionais sempre tem uma influência particular. [...] Qualquer processo de tipo emocional imediatamente origina processos semelhantes nas outras pessoas." (pág.129) Fenômenos compensatórios podem recair sobre o analista. Quando a relação entre cliente e analista se torna difícil, e consequente atraso do efeito terapêutico, o vazio da relação terapêutica é preenchido com fantasia erótica e apaixonamentos. A fantasia e o apaixonamento forçam a construção de uma ponte compensatória. Tal processo é frequente em pessoas que resistem a outros seres humanos e não temem se perder de si. Sonhos "[...] toda revelação que se quiser ter estará encerradas nos sonhos." (pág.141) Os sonhos inicias quase sempre são intrusivos e prognósticos do processo de psicoterapia. Abordando bem de perto o inconsciente, há melhores chances de ultrapassar as dificuldades. Os mecanismo inconscientes de resistências são dissolvidos pela tomada de consciência. "Cura-se apesar da transferência e não por causa dela. [...] não há necessidade de transferência assim como não há necessidade de projeção. Elas aparecem independente disso." (pág.141) Projeção " O problema central do paciente é aprender a viver a sua própria vida. E não podemos ajudá-lo quando nos intrometemos nela." (pág.142) A projeção é resultante da dinâmica de ativação do inconsciente em busca de expressão no mundo, é tão importante quanto o conteúdo propriamente projetado. Tal valor quando projetado no analista será, ao longo do processo de análise, devolvido ao paciente. No início do tratamento, as projeção são repetidamente vivenciadas. Logo, o objeto são todas as relações e níveis de relacionamento que cliente vivencia. Deve passar por toda a série de pessoas com as quais o paciente conviveu. No segundo estágio, chega-se a história de infância, esgotando todas as possibilidades de consciência, e segue-se em direção a projeção dos conteúdos impessoais. O terceiro estágio da análise é momento de diferenciar as imagens impessoais do relacionamento pessoal com o analista. Ocorre o reconhecimento das imagens arquetípicas. A contenção do inconsciente coletivo em formas religiosas possibilitam que o cliente não recaia na transferência nem que as imagens arquetípicas atrapalhem sua relação com o analista. O quarto estágio é o tratamento do sonho com finalidade de objetivação das imagens impessoais, essencial ao processo de individuação. Desprende-se a consciência do objeto para que o cliente de que ele está no centro do processo e não coloque sua garantia de felicidade em pessoas, ideias, circunstâncias e objetos. O centro é o indivíduo e não mais o objetivo da projeção. A meta é o desprendimento dos objetos para expressá-los em símbolos históricos. É o processo de dar forma as imagens de modo a orientar o indivíduo no conflito consigo mesmo. A análise termina quando o cliente integra completamente tal valor, antes projetado no analista, à sua própria personalidade. Projeção de natureza arquetípica O inconsciente contém os grandes fatos coletivos: "No inconsciente coletivo do indivíduo a própria história se prepara e quando alguns arquétipos são ativados num certo número de indivíduos, chegando à superfície, encontramo-nos no meio da corrente histórica, como acontece agora. A imagem arquetípica que o momento necessita ganha vida e todo mundo é tomado por ela." (pág.151) O complexo de salvador projetado no analista leva o cliente a crer que há um detentor de conhecimentos secretos que lhe revelará a verdade redentora. Cria-se um credo particular, uma seita em que pessoas se unem em torno de uma crença. Jung ilustra tal situação ao falar sobre a dinâmica de rivalidade das diferentes escolas de psicologia. Os divergentes tendem a não discutir suas ideias, fecham-se em grupos formados por pensamento similar afirmando verdades exclusivas. Professam fanatismos como salvaguardada a dúvidas reprimidas. A dúvida é recalcada, e a não convocação é acobertada pelo fanatismo posto que alguém realmente convicto discute suas crenças sem ressentimento. "[...] as imagens arquetípicas são projetadas. Isso realmente tem que acontecer, pois caso contrário elas invadiriam a consciência." (pág.145) Os arquétipos, compõem o oceano da psicologia coletiva, os arquétipos são a força decisiva na produção de fatos. " [...] as imagens arquetípicas decidem o destino do homem." (pág. 152) Quando a transferência do cliente toca os arquétipos, acessamos uma mina de imagens impessoais. Uma mina de explosão coletiva não manejável através de raciocínio pessoal ou da inteligência prática: " [...] de um arquétipo ao povo, que a multidão inteira se moverá como se fosse um único homem, não há como resistir-lhe." (pág.153) Fonte: JUNG, C.G. Quinta Conferência. In: Fundamentos da Psicologia Analítica. Petrópolis: Vozes, 1985.

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