Sonhos
Desde as civilizações mais antigas o sonho vem sendo considerado a importante via de comunicação entre o cotidiano e o mundo inconsciente. O processo onírico é a afirmação simbólica da realidade mais profunda da mente.
Na concepção junguiana dos sonhos, este é considerado uma mensagem inconsciente representando simbolicamente o estado da psique do sonhador. Emergem conteúdos da psique pessoal e situações que refletem padrões mentais.
Os sonhos estão em favor do processo de individuação ao auxiliar o Eu a encarar a si próprio de forma consciente. Conteúdos próprios a psique mais profunda se manifestam nos sonhos compensando distorções unilaterais do Eu vígil. Neste contexto, a interpretação dos sonhos é uma das vias de acesso consciente para a mente inconsciente.
A elaboração de um diário de sonhos para o registro dos mesmos pode ser utilizada para viabilizar o processo de recordar e registrar os sonhos. O registro de conter o maior número de detalhes. Posto que o processo onírico é a afirmação simbólica da realidade mais profunda da mente, um pequeno detalhe esta revestido de significado. Ao registrar as associações começam a ser suscitadas.
A amplificação dos sonhos ocorre por meio de associações pessoais (pensamentos imediatos do próprio sonhador), pelas culturais (dados próprios ao contexto social do sonhador) e pelas arquetípicas (padrões coletivos de estruturação da psique latente nos mitos e contos). Cada símbolo apresentado no momento do sonho é o melhor para representara parte da psique que se disponibiliza.
A estrutura dramática é como o Eu concebe o sonho em todo seu enredo e desenrolar. Há um problema inicial, complicações, desenvolvimentos e o desfecho. Os dramas oníricos ensaiam dramas pessoais auxiliando o Eu a avançar no processo de individuação. O Eu é posto diante de situações simbolicamente importantes no espaço livre e protegido produzido pelo sonho.
A origem do sonho é no centro regulador do Eu: o Si-mesmo. A compensação é o propósito dos sonhos (como o Eu concebe as coisas), ou seja, há distorções que simbolizam o que o sonhador precisa acessar. O acesso ao conteúdo acontece de modo protegido e proporcional o que o sonhador pode acessar no momento sem cindir o Eu.
No processo analítico de psicoterapia, os sonhos elaborados viabilizam o aprofundamento do processo. A forma inconsciente constelada é transposta elaboração de imagens e formas. Cenas imaginárias ganham a consciência e constelações emocionais passam a ser analisadas e reelaboradas.
Fonte:
Hall, James. A Experiência Junguiana: análise e individuação. São Paulo: Cultrix, 1986.