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Aline M.S. De Coster

O FIO VERMELHO


A imagem do fio vermelho remonta à lenda de Ariadne, que deu um longo fio de lã vermelha a Teseu para que ele conseguisse achar a saída do labirinto, depois de enfrentar e matar o Minotauro. Nós, também, recebemos um fio vermelho nas nossas vidas, Sempre que estivermos correndo risco de desviar do caminho reto, ele ajuda a nos conduzir de volta, das trevas para a luz.


Esta é uma imagem simplificada. Na verdade, temos um fio vermelho em cada uma das mãos. Na mão direita, é um fio vermelho grosso, na mão esquerda, ele é tão fino que nossos dedos mal conseguem senti-lo.


O fio grosso na mão direita acaba depois de um tempo. Com ele, chegamos a um fim, embora nossa jornada ainda continue. Com a ajuda dele voltamos para trás ao local de origem, de onde partimos.


Talvez ainda tentemos mais uma segunda e, mais tarde, uma mão terceira ou quarta vez. Sempre com o mesmo resultado. Este fio vermelho não é suficiente para irmos adiante. Se dependermos dele, passaremos a vida inteira indo e vindo, sem achar a outra saída. Esta se encontra mais à frente, do outro lado, e leva a outro nível de amplidão e clareza.


Quando chegarmos ao fim do fio vermelho grosso, talvez nos lembremos do outro, muito mais fino, e que até agora nos parecia quase imperceptível, por não nos dar firmeza.


A questão é: nós nos atrevemos a confiar nele? Nós nos atrevemos a soltar o fio vermelho grosso e a seguir o fio vermelho fino no labirinto da nossa vida? Nesse meio tempo, devemos nos perguntar: ou o que é este fio vermelho grosso, forte, mas curto demais? E quem ou o que é este fio fino, mas longo, que nos mostra a outra saída e nos conduz à outra clareza?

O fio grosso, em quem acreditamos poder confiar facilmente, nossa boa consciência. No labirinto da vida, ele somente nos conduz por um curto trecho. No fim, em vez de nos levar à saída, ele nos traz de volta ao ponto de partida. Por que? Porque, com a ajuda dele, nós sempre decidimos entre o Bem e o Mal e, assim, o nosso amor chega logo ao seu fim. A clareza, que faz aparecer o suposto Mal sob outra ótica, permanece escura para aqueles que confiam na boa consciência. Eles sempre voltam para o mesmo ponto de partida, lá se orientam rapidamente, acham que está tudo em ordem e recomeçam mais uma vez o mesmo jogo.


Agora, provavelmente queremos saber para onde nos leva o fio vermelho fino. Como o sentimos na nossa mão esquerda?


Nós o sentimos na abertura e no amor por tudo como é, na abertura e no amor pelo Bem e pelo Mal, indistintamente, para além de nossa culpa e inocência. Paramos constantemente com este fio na mão esquerda. Nós nos asseguramos se ainda o seguimos, se ainda o sentimos na mão esquerda. Somente então, continuamos a tatear ao longo dele


Como podemos reconhecer que ainda o temos na mão? Que vínculo com ele permanece?


Nós o sentimos na nossa profunda tranquilidade para além da pressa. Ao invés de caminharmos por conta própria, nos sentimos suavemente puxados até que, depois de um longo tempo, avistamos, ao longe, a saída do labirinto como uma luz. Com sua ajuda, quase chegamos ao destino.

Chegando é, mergulhado ao final do nosso labirinto, vemos tudo assim como em uma luz suave. As diferenças se esvanecem. Nos sentimos silenciosamente unos com tudo, assim como é. Como? Com um amor todo abrangente, levados pelo amor da nossa origem, permanecendo um com tudo.

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